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Escrito por: Michel Merlet
Fecha de redaccion:
Organizaciones: Institut de Recherche et d’Applications des Méthodes de Développement (IRAM), Réseau Agriculture Paysanne et Modernisation (APM), Fondation Charles Léopold Mayer pour le Progrès de l’Homme (FPH), Association pour contribuer à l’Amélioration de la Gouvernance de la Terre, de l’Eau et des Ressources naturelles (AGTER), Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (NEAD)
Tipo de documento: Estudio / Trabajo de investigación
Merlet, Michel. Caderno de propostas. Políticas fundiárias e reformas agrárias. Versão em português. Dezembro de 2006. (Baixar o documento em português)
Vários elementos novos caracterizam o mundo rural contemporâneo:
o caráter internacional dos fenômenos e dos desafíos
a rapidez das evoluções,
A globalização das trocas leva à uma diferenciação dos sistemas agricolas que se opera doravante, de forma rápida e em grande escala. As evoluções são muitas vezes irreversíveis. A concorrência entre agriculturas em níveis de produtividade muito diferentes implica na ruína de setores inteiros da agriculturas do mundo e um acréscimo das desigualdades11.
Assistimos, durante as últimas décadas, a uma profunda redistribuição da terra nos países do ex-bloco socialista com a descoletivização e a privatização das fazendas estatais ou cooperativas cujas modalidades, muitas vezes pouco transparentes e democráticas, colocam alguns questionamentos. Este fenômeno aconteceu também num tempo muito curto e em grande escala.
Que seja na África, na Ásia, na Europa do Leste ou em outro lugar, as sociedades não têm mais tempo para adaptar-se a essas mudanças e construir mecanismos de regulação adequados. O quadro # 2 propõe uma ilustração deste fenômeno, com conseqüências desastrosas, a partir de um exemplo asiático.
Encontramos situações semelhantes nos diversos continentes e, não só nas sociedades ditas « indígenas », com uma defasagem das regras tradicionais ou do direito e das formas de organização social em relação às novas condições econômicas.
Torna-se cada vez mais difícil, para as populações rurais, poder resistir às conseqüências da globalização das trocas. Além disso, os problemas e os conflitos em torno dos recursos fundiários se multiplicam e ficam mais sérios.
Duas alternativas desempenham, hoje, um papel central nos debates:
a oposição entre propriedade privada e bens comuns de uma parte, e
a oposição entre mercado e gestão estatal de outra parte.
Nos parece necessário ultrapassar esta visão simplificadora e dicotômica para poder progredir nas proposições úteis. Para avançar neste sentido, examinaremos três perguntas centrais distintas, apesar de ligadas entre si:
Como dar segurança aos direitos dos usuários ?
Como garantir um acesso aos recursos segundo o ótimo econômico e social para as maiorias ?
Como reconhecer as diversidades culturais e históricas e administrar os territórios?
11 Ver Marcel Mazoyer e Laurence Roudart, Histoire des agricultures du monde. Ed Le Seuil. 1997. Ver também as intervenções de M.Mazoyer no Fórum Social Mondial de 2001, na sessão plenária e na oficinas.
12 NRT: A lei de introdução ao código civil brasileiro prevê o « direito consuetudinário », referente àqueles fundados no costume, também chamado de « costumado, costumeiro e habitual ».
13 Ver Michel Merlet, Land tenure and production systems in the Cordillera. Relatório de missão para a FAO e o Ministério da Reforma Agrária das Filipinas (DAR). Março de 1996.