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Version française de cette page : Cahier de propositions POLITIQUES FONCIERES ET REFORMES AGRAIRES. Partie I. Comment garantir un accès à la terre conforme à l’intérêt de la majorité de la population ? (2/5) Le marché peut-il assurer seul une distribution optimale du foncier ?
O mercado pode garantir por si só uma ótima distribuição da terra ? (em português)
Rédigé par : Michel Merlet
Date de rédaction :
Organismes : Institut de Recherche et d’Applications des Méthodes de Développement (IRAM), Réseau Agriculture Paysanne et Modernisation (APM), Fondation Charles Léopold Mayer pour le Progrès de l’Homme (FPH), Association pour contribuer à l’Amélioration de la Gouvernance de la Terre, de l’Eau et des Ressources naturelles (AGTER), Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (NEAD)
Type de document : Étude / travail de recherche
Merlet, Michel. Caderno de propostas. Políticas fundiárias e reformas agrárias. Versão em português. Dezembro de 2006. (Baixar o documento em português)
Constatamos, lendo de novo a história agrária da maioria das regiões do mundo, que a evolução dos mercados leva, muitas vezes, a fenômenos de concentração da terra. Quando ela é elevada, esta concentração torna-se um sério obstáculo ao desenvolvimento econômico, pela baixa rentabilidade da grande produção, mas ao mesmo tempo porque ela reduz ao mínimo o poder aquisitivo da maior parte da população.
Se as pequenas fazendas são as mais eficientes, por que a evolução do mercado não as favorece? É a pergunta que Binswanger, Deininger, et Feder colocam no seu trabalho61.
Eles respondem afirmando que não só os mercados fundiários são imperfeitos, como também os outros mercados de capital, de bens de produção; e eles analisam as múltiplas intervenções dos Estados que favoreceram, de uma maneira ou de outra, a grande produção.
Vimos, como introdução, que o funcionamento imperfeito dos mercados fundiários é, de uma certa forma, inerente à própria natureza deste bem, tão particular que é a terra. Melhorar o funcionamento dos mercados nessas condições pode ser útil, mas em nenhum momento seria suficiente. Outros tipos de medidas tornam-se necessárias. Examinaremos sucessivamente as políticas de colonização, de reforma agrária e de intervenção nos mercados fundiários.
Desde alguns anos, a dinâmica dos mercados fundiários tomou novas dimensões com a concorrência de agriculturas com níveis de competitividade cada vez mais diferentes e a liberalização dos mercados mundiais. Grandes unidades de produção desenvolveram-se nos países do Leste Europeu, aproveitando da privatização das antigas fazendas de Estado, com um custo muito baixo da mão-de-obra e biotecnologias promovidas por algumas multinacionais (ver a ficha # 11 sobre a Polônia na segunda parte deste caderno). Encontramos fenômenos semelhantes em certos países do Sul, por exemplo, na Argentina (ver quadro # 14).
Estes novos latifúndios não têm mais nada a ver com as grandes propriedades extensivas de antigamente. Dão a aparência de uma produtividade muito elevada, mas que na verdade só se fundamenta em preços que levam à ruína a maioria dos agricultores dos países em desenvolvimento e uma grande parte dos agricultores de várias regiões desenvolvidas. Esta produtividade aparente é também obtida graças a técnicas que colocam em perigo os equilíbrios ecológicos.
Não se pode mais, hoje, analisar as produtividades relativas das agriculturas sem referir-se aos efeitos da globalização sobre os preços mundiais62. Não se pode mais, também, continuar em pensar nos mecanismos de correção que são as reformas agrarias da mesma maneira que antigamente.
61 Poderá se ver também sobre este tema a parte introdutora do texto de CARTER Michael e MESBAH Dina State-Mandated and Market-Mediated Land Reform in Latin America, publicado pelo Banco Mundial em Including the Poor, Washington, 1993, (pág. 278-305).
62 ver Marcel Mazoyer, op cit. e o relatorio da oficina IRAM sobre as políticas fundiárias no Fórum Social Mundial 2002. www.iram-fr.org
63 Jorge Eduardo Rulli, Rel-Uita. Uruguay, abril de 2002. La biotecnología y el modelo rural en los orígenes de la catástrofe argentina. www.rel-uita.org/